Ultimato de Trump a Putin entra na reta final sob ameaça nuclear

Ultimato de Trump a Putin entra na reta final sob ameaça nuclear

Uma declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na última terça-feira (29) levou a uma escalada de ameaças entre as duas maiores potências nucleares do mundo.

Trump disse que o ultimato de dez dias que concedeu ao ditador da Rússia, Vladimir Putin, para chegar a um acordo de cessar-fogo com a Ucrânia começou naquele dia – ou seja, o prazo vence na próxima sexta-feira (8).

Vale lembrar que esse prazo representou uma grande redução do que Trump havia estipulado no último dia 14, quando disse que aplicaria tarifas de 100% sobre produtos importados da Rússia e secundárias no mesmo patamar a nações que compram do país de Putin caso não fosse alcançado um acordo para interromper a guerra com a Ucrânia dentro de 50 dias.

O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvedev, que foi presidente da Rússia entre 2008 e 2012 apenas porque a lei russa à época impedia mais um mandato consecutivo de Putin (que seguiu mandando no Kremlin durante esses quatro anos, como primeiro-ministro), elevou o tom na quinta-feira (31).

“Quanto à conversa sobre as ‘economias mortas’ da Índia [que seria fortemente atingida pelas tarifas secundárias dos EUA] e da Rússia, e ‘entrar em território perigoso’ – talvez ele [Trump] devesse relembrar os seus filmes favoritos sobre ‘mortos-vivos’, e também lembrar-se de quão perigosa é a chamada ‘Mão Morta’”, disse Medvedev no Telegram, em referência a um programa russo com a capacidade de lançar automaticamente um contra-ataque nuclear.

No dia seguinte, Trump respondeu na mesma moeda (nuclear) em um post na rede Truth Social.

“Com base nas declarações altamente provocativas do ex-presidente russo, Dmitri Medvedev, agora vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa, ordenei o posicionamento de dois submarinos nucleares nas regiões apropriadas, para o caso de essas declarações tolas e inflamatórias serem mais do que apenas isso”, escreveu o presidente americano.

“Palavras são muito importantes e muitas vezes podem levar a consequências indesejadas. Espero que este não seja um desses casos”, acrescentou.

Ainda na sexta-feira (1º), Trump voltou a falar do assunto em entrevista à emissora Newsmax. “Os submarinos estão se aproximando da Rússia. Queremos estar sempre prontos. Quero ter certeza de que as palavras dele sejam apenas palavras e nada mais do que isso”, afirmou.

No mesmo dia, Putin anunciou o começo da produção em massa dos novos mísseis hipersônicos Oreshnik, que podem transportar ogivas convencionais ou nucleares.

É claro que o mundo prende a respiração quando há uma troca de ameaças entre os dois países com o maior número de armas nucleares do planeta – segundo dados da coalizão de ONGs Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (Ican, na sigla em inglês), hoje a Rússia possui 5.449 ogivas nucleares e os Estados Unidos, 5.277.

Entretanto, entre analistas, há um certo ceticismo, principalmente em relação ao lado russo, já que desde que a guerra com a Ucrânia teve início, em fevereiro de 2022, o Kremlin já fez outras ameaças de uso de armas nucleares e não as cumpriu.

Em artigo publicado na sexta-feira, Anatol Lieven, diretor do Programa Eurásia do think tank americano Instituto Quincy para a Política Responsável, afirmou que as declarações de Medvedev e Trump “são pura encenação”.

“Tendo se abstido do uso de armas nucleares nos últimos três anos, a Rússia obviamente não as lançará em resposta a uma nova rodada de sanções americanas — especialmente porque superou com sucesso várias rodadas anteriores”, escreveu Lieven.

O especialista também afirmou que o posicionamento de submarinos nucleares americanos é uma ameaça “completamente vazia”, porque os Estados Unidos já têm “submarinos nucleares capazes de atacar a Rússia em posicionamento permanente”.

“Medvedev e Trump estão tentando parecer durões para o público interno. O resto de nós, no entanto, não precisa aplaudir esse teatro”, minimizou.



Fonte ==> Gazeta do Povo

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