O setor odontológico brasileiro atravessa um período de crescimento acelerado e profissionalização, consolidando-se como um dos segmentos mais promissores e competitivos da área da saúde. Em 2024.
A odontologia movimentou aproximadamente R$ 38 bilhões, e a expectativa é de que o mercado mantenha uma taxa de crescimento anual de 13% até 2030. Esse avanço é impulsionado pela alta demanda por procedimentos estéticos, pela popularização de tratamentos preventivos e pelo uso crescente de tecnologias que otimizam o atendimento e a gestão.
O Brasil ocupa posição de destaque no cenário mundial, com mais de 402 mil cirurgiões-dentistas ativos, formando um dos maiores contingentes de profissionais do setor. No entanto, a distribuição ainda é desigual: enquanto regiões mais desenvolvidas, como o Sudeste, contam com um dentista para cada 400 habitantes, outras regiões podem ter o dobro ou até o triplo dessa proporção. Paralelamente, o país abriga cerca de 44 mil clínicas odontológicas — uma média de oito por município —, o que evidencia a alta concorrência, especialmente nos grandes centros urbanos.
A expansão desse mercado está diretamente ligada à adoção de práticas de gestão mais sofisticadas. Se antes muitos consultórios eram administrados de forma artesanal, hoje cresce o número de clínicas que utilizam softwares de gestão integrados, capazes de centralizar agenda, prontuário eletrônico, controle financeiro, relacionamento com o paciente e indicadores de desempenho. Esses recursos permitem não apenas otimizar processos, mas também gerar dados estratégicos para tomada de decisão e fidelização de pacientes.
Ainda assim, os desafios de gestão permanecem significativos. Pesquisas de mercado indicam que cerca de 40% dos gestores apontam a retenção de pacientes como a principal dificuldade enfrentada, seguida por problemas financeiros e desorganização de agenda. Nesse cenário, torna-se cada vez mais evidente que o diferencial competitivo das clínicas está na capacidade de unir excelência técnica à gestão estratégica.
Para o cirurgião-dentista e administrador Átila José Gomes, com mais de uma década de experiência na administração de clínica própria e franquias odontológicas, o sucesso no setor depende de uma visão empresarial bem definida:
“A competitividade não está apenas na execução clínica, mas na gestão estratégica. Profissionalizar processos — com controle financeiro, treinamentos e tecnologia — transforma experiências em diferenciais claros de mercado. Não basta atender bem; é preciso ter um modelo de negócio sustentável.”
Átila destaca que a jornada do paciente começa antes da consulta e continua após o atendimento. Estratégias como o acompanhamento pós-tratamento, a comunicação ativa e personalizada e o uso de canais digitais para facilitar agendamentos e esclarecimento de dúvidas são fundamentais para criar vínculos duradouros. Ele também reforça que a qualificação constante da equipe é indispensável para manter o padrão de atendimento e a reputação da clínica.
O avanço tecnológico também contribui para essa mudança de mentalidade. Consultórios de ponta já utilizam ferramentas de inteligência artificial para análise de imagens, impressão 3D para próteses personalizadas e sistemas de monitoramento remoto de tratamentos ortodônticos. Além de agregar valor ao serviço, essas inovações elevam a percepção de qualidade e justificam investimentos mais altos por parte dos pacientes.
Outro ponto de atenção é a diversificação dos serviços. Clínicas que combinam odontologia geral com áreas de especialidade — como ortodontia, implantodontia, odontopediatria e harmonização orofacial — conseguem atender um leque mais amplo de necessidades e aumentar a receita por paciente. Esse modelo também ajuda a diluir riscos, garantindo fluxo de caixa mais estável ao longo do ano.
Com um mercado em expansão, mão de obra qualificada e uma população cada vez mais preocupada com saúde bucal e estética, a odontologia brasileira vive um momento de virada. A convergência entre conhecimento técnico e excelência em gestão não apenas define quem prospera, mas também molda o futuro de um dos setores mais dinâmicos e rentáveis da saúde no país.