Após denúncias de preços abusivos somadas a uma carta assinada por 25 países pedindo a transferência total ou parcial da sede da COP 30, conferência climática da ONU que ocorrerá em Belém em novembro, algumas embaixadas questionaram o governo sobre os valores e disponibilidade dos hotéis, através de telegramas que vem sendo enviados à Brasília desde janeiro. A informação foi divulgada pelo Jornal Nacional, com material obtido com base na Lei de Acesso à Informação.
O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, afirmou que o sentimento dos países é de “revolta” e destacou que nações “em menor desenvolvimento relativo estão dizendo que não poderão vir à COP por causa dos preços extorsivos e abusivos”.
Ele destacou ainda que não existe um “plano B” e ressaltou que o evento será na capital paraense.
Confira alguns países que formalizaram telegramas:
- Alemanha: A embaixada em Berlim afirmou que o Ministério do Meio Ambiente alemão “manifestou preocupações quanto aos aspectos logísticos em Belém, especialmente no que tange a deslocamento e hospedagem”.
- Suíça: o país afirmou que a delegação teria dificuldade em justificar os valores das diárias cobradas pelos hotéis paraenses no Parlamento suíço e que por isso, o número de representantes deverá ser reduzido.
- Indonésia: Em razão dos “altos custos de hospedagem previstos para o evento no Brasil”, o país asiático informou que a delegação composta para a COP será integrada por 500 participantes, número abaixo do registrado na última conferência climática, quando a comitiva levou 800 pessoas.
- China: A embaixada chinesa afirmou que tem encontrado “grande dificuldade em reservar hotéis, os quais apresentam baixa disponibilidade e preço muito elevado”.
O governo federal terá que prestar esclarecimento à ONU em razão da insatisfação dos países participantes da conferência. Uma das medidas adotadas por Brasília para tentar resolver o impasse dos altos preços foi o lançamento de uma plataforma que oferece hospedagens em hotéis, apartamentos e casas que foi disponibilizada à 73 países classificados pela ONU como “em desenvolvimento”. O sistema, entretanto, apresentou instabilidade em razão da quantidade alta de acessos.
A organização da conferência confirmou que uma nova reunião está agendada para o dia 11 de agosto. Além dos altos valores de acomodação, temas como transporte, segurança e alimentação estão na pauta.
A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis disse que conseguiu estabelecer diálogo com parte do setor hoteleiro e que 500 apartamentos foram reservados para as comitivas com tarifas de até US$ 300 (aproximadamente R$1.660).
“Todos os hotéis, com exceção de duas redes, contribuíram com essas diárias. Hotéis cinco estrelas deram diária de US$ 100 até US$ 300. Arrumamos o que nos foi solicitado. O resto está sendo comercializado com tarifas de mercado, o que é comum para esse grande evento. Existe tarifa de US$300, US$500, US$ 1 mil, US$ 1,5 mil. Isso vai depender da categoria de cada hotel”, afirmou Antônio Santiago, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis.
A organização do evento, que deverá contar com cerca de 50 mil participantes, já foi criticada por 25 países, incluindo nações desenvolvidas como Canadá, Suécia e Holanda, que, em carta conjunta divulgada na sexta-feira (1), pediram a transferência total ou parcial da sede.
“[Ter condições de participar] significa ser possível viajar para Belém, ficar em acomodações adequadas e acessíveis, e ir ao pavilhão e voltar de forma segura e eficiente em termos de tempo, inclusive tarde da noite”, diz um trecho do documento divulgado pela pela Folha de S. Paulo.
Em resposta aos grupos, a secretaria-extraordinária da COP-30 confirmou o recebimento da carta e afirmou que “não há possibilidade” da conferência ou parte dela “acontecer fora de Belém”.
Fonte ==> Gazeta do Povo